Até mesmo quando o assunto trata-se de tragédia, da necessidade de punir um possível assassino, o preconceito contra as religiões de matriz africana é instaurado. A polícia do Distrito Federal e do estado de Goiás, já contabilizam mais de 10 dias atrás de Lázaro Barbosa, suspeito de assassinar quatro pessoas de uma mesma família numa área rural de Brasília. Porém, sem conseguir dar explicações para não resolução do caso, que se estende consideravelmente, as autoridades policiais fomentam a tese (na qual embarca parte da imprensa de Brasília e de Goiás) de que Lázaro Barbosa empregaria rituais macabros para seviciar suas vítimas, fazendo uma criminosa ligação com as religiões de matriz africana. Inacreditavelmente, os policiais estão praticando um verdadeiro terrorismo, invadindo templos religiosos e submetendo sacerdotes à humilhações e violências. Para além disso, são crimes de desrespeito aos direitos do cidadãos e de racismo religioso e institucional.
A Mandata Coletiva Pretas Por Salvador declara repúdio ao comportamento dos policiais, prestam solidariedade aos espaços invadidos e agredidos e cobram providências da justiça, uma vez que a Lei 7716/89 e o Estatuto Nacional da Igualdade Racial, entende que as ações são consideradas crime de discriminação e preconceito. Composta por três mulheres negras, em que duas delas são candomblecistas, a Mandata desenvolve um trabalho de valorização, respeito e reconhecimento da diversidade religiosa como critério de respeito ao direito civil do exercício da fé.
“Isso é racismo institucional. Vincular Lázaro e os crimes a ele atribuído às imagens e sagradas de nossas divindades, é racismo e preconceito. Não tem outra interpretação. A Polícia tem o direito de ter mandato de busca, mas não pode desrespeitar a particularidade desses espaços. Entram em locais sem a permissão das pessoas e acabam depredando os signos do terreiros”, disse uma das co-vereadora da Mandata, Gleide Davis, acrescentando ainda que “a própria mídia também tem divulgado imagens ligadas a ele que não tem quaisquer relações e isso influencia no racismo religioso. Tá bem evidente que Lázaro tem transtorno de psicopatia, mas isso não tem absolutamente nada a ver com a religião dele, seja ela qual for. Inclusive, a mãe dele já relatou em uma entrevista que ele se dizia temente a Deus”, concluiu.

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