Na manhã da última quinta-feira (19/08), a mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA) presidiram, na Câmara Municipal, uma Sessão Especial para tratar sobre o tema “Orgulho e Visibilidade Lésbica”. O diálogo se fortalece para celebrar o Dia do Orgulho e da Visibilidade Lésbica no Brasil, comemorados em agosto, 19 e 29. O evento foi transmitido pela TV e Rádio CAM.
_“Durante toda nossa mandata, seguimos tendo um compromisso com as pautas que são inegociáveis para nós e, o mês de agosto é muito representativo para gente. Tenho muito orgulho de presidir essa sessão. Para, além disso, tenho orgulho de além de compor a única mandata dentro da Câmara, de ser a única parlamentar assumidamente lésbica hoje na Câmara Municipal de Salvador. Isso não é pequeno, isso não é algo meu unicamente. Isso representa um marco na nossa trajetória e eu sei que significa muito para nós LGBT ter uma mulher negra e lésbica dentro daquela casa. Hoje é um dia para falarmos com as nossas vozes diversas. Seremos nós falando sobre nossas dores, sobre nossas dificuldades de acessos”_, disse a co-vereadora, Laina Crisóstomo, ao saudar as presentes.
Na ocasião, as mulheres compartilharam experiências e, em um debate rico, apresentaram a necessidade e importância do fortalecimento do feminismo e do enfrentamento a lesbofobia, em suas diversas faces.
Segundo dados do último Dossiê do Lesbocídio, realizado pelo Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 126 mulheres foram mortas no Brasil entre 2014 e 2017 por serem lésbicas. Cerca de 55% dos casos acontecem com mulheres que não seguem o padrão de feminilidade socialmente imposto.
A maternidade lésbica foi outro ponto que se destacou. A mestre em História da Arte, Marcela Tiboni, fez uma fala bastante reflexiva sobre a sua experiência. Ela, que é mãe e escritora de dois livros sobre a visibilidade lésbica, compartilhou parte de suas lutas. _“É uma resistência intensa ser mãe e lésbica. Quando dou uma entrevista, sempre me perguntam ‘qual a maior dificuldade e qual a maior alegria de ser um mãe lésbica?’. Eu sempre digo que nem sei se posso me dizer ‘mãe’, simplesmente porque a sociedade ainda não valida a minha maternidade. Porque não foi eu que gestei, foi a minha esposa”_ disse ela.
A deputada estadual Fabíola Mansur declarou sua admiração a Mandata das Pretas Por Salvador e reforçou a importância de unir forças para que sejam criadas políticas públicas que impulsione a visibilidade da mulher lésbica. _“Eu sou a única mulher lésbica deputada da Assembleia Legislativa da Bahia. A primeira bandeira é a resistência contra tudo aquilo que é retirar direitos. A educação é um espaço fundamental para garantirmos a visibilidade e luta. Imagine que sou casada há 17 anos, a gente sabe que a gente existe, persiste, resiste, mas o que precisamos mesmo, em minha opinião, é fazer uma rede que unifique as nossas pautas para que a gente consiga aprovar, nas casas legislativas, leis que nos visibilizem e nos garantam direitos”_, considerou ela.
Na mesa, estiveram presentes mulheres que representam a causa, como a conselheira tutelar de Jequié, Aline Sousa, a graduanda em Ciências Sociais e ativista de direitos humanos, Gabi Carmo, a presidenta do Diretório Municipal do PSOL, Ledinha Souza, a Coordenadora Geral do Diretório Central dos Estudantes da UNEB, Marina Amaral, a ativista e escritora Marcela Tiboni, a coordenadora do LES – Laboratório de Estudos e Pesquisas em Lesbianidades, Simone Brandão, a vereadora da Câmara Municipal de Belo Horizonte Bella Gonçalves, a vereadora Marta Rodrigues, a Conselheira Estadual de Juventude, Tatiane Anjos e a professora e sindicalista, Aline Areia.

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