Aconteceu, nesta quarta-feira (29/09), Sessão Especial “Três Anos de Luta do ‘Ele Não’”. Tema importantíssimo para as Pretas Por Salvador (PSOL/BA), o evento foi presidido pela Mandata Coletiva e marcou a primeira Sessão Especial da Câmara Municipal de Salvador (CMS), em formato semipresencial, desde o início da pandemia. As co-vereadoras Laina Crisóstomo, Gleide Davis e Cleide Coutinho convidaram pessoas importantes para debater o tema que se configurou como o maior protesto realizado por mulheres no Brasil e a maior concentração popular durante a campanha da eleição presidencial no Brasil, em 2018.

Com grande representatividade para a Mandata, o evento lotou a galeria da CMS e foi além de um diálogo rico e inteligente: a Sessão Especial “Três Anos de Luta do ‘Ele Não’”, se destacou como um marco para todos aqueles que acreditam no impeachment de Bolsonaro. Bandeiras com frases de luta, decoraram na Câmara definindo um momento épico na história política da Câmara.

_“Essa é a primeira Sessão Especial semipresencial da gente e é um tema extremamente relevante para nós. Vim com uma camisa estampando a hastag #EleNão e sigo entendendo, dia a dia, a importância dessa expressão. Ver esse espaço ocupado por nossas caras, por pessoas que são como nós, que vieram do Movimento Social e que fazem luta há muito tempo, é uma coisa que transborda felicidade. Essa é uma Sessão que tem um sabor diferente, pois, nós que somos bancada de oposição, sabemos o que passamos neste espaço: é um processo de hostilidade, de disputa, de luta e resistência que precisamos fazer todos os dias por nós e por tantas outras pessoas”_, disse a co-vereadora Laina Crisóstomo.

A co-vereadora Cleide Coutinho saudou a todos e lembrou do ato de 2018, ponderando que, apesar de não ter impedido Bolsonaro de ser presidente, o movimento #EleNão foi responsável por levar as eleições daquele ano ao segundo turno. _“Para mim é uma alegria está aqui, por vários motivos, inclusive por estarmos abrindo a primeira Sessão Especial em formato semipresencial, com um tema que representa uma vitória das mulheres, fazendo enfrentamento ao #EleNão. Hoje é mais um dia de luta em comemoração a essa data que fez história e que teve e tem sua representatividade”_, disse ela convocando a todos para o ato #ForaBolsonaro, programado para o dia 2 de outubro, em todo o país. _“Chega desse presidente genocida e irresponsável que está conduzindo o Brasil ao fracasso. Vamos às ruas sem cansar, sem parar”_, enfatizou ela.

Também co-vereadora da Mandata, Gleide Davis, considera que o“#EleNão se estende aos demais espaços, além da política. _“O movimento ‘#EleNão tem sua representatividade nas ruas, nos espaços da educação e acadêmico. Esse é um movimento que a gente constrói diariamente, ao lutar pelo machismo, racismo, LGBTfóbia estrutural. Precisamos pensar nesses espaços como nosso, porque somos os oprimidos, mas somos a maioria. Que sejamos nós as representações de nossas demandas e que luta por uma sociedade menos desigual em raça, gênero, classe, religação e afins”_, detalhou ela.

Para a criadora do MUCB – Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, Ludimilla Teixeira, essa é uma luta que não se inicia em 2018. _“Apesar de ser um dia histórico estarmos aqui hoje, não é motivo de comemoração e nem de felicidade. Em 2018, quando fomos para as ruas já avisava que esse governo seria um governo macabro, racista, LGBTfóbico e que aumentaria ainda mais os pacotes de necropolitica que os povos negros, indígenas e LGBT já enfrentam. E tudo isso que Bolsonaro faz hoje, não é surpresa para ninguém. Ele tá apenas seguindo o que foi planejado em 2018. Essa é uma luta antiga, de muito antes deste ano e que neste ano ganhou uma forma maior com a eleição dele”_, disse ela.

O vereador Suica (PT) fez uma fala breve e representativa: _“Sabemos que foi uma mobilização da classe feminina, mas essa luta não é só das mulheres, essa luta é daqueles que tem responsabilidade com o Brasil”_, pontuou ele. O vereador Silvio Humberto (PSB), agradeceu a oportunidade de participar do evento. _“Essa celebração do ‘#EleNão’ é lícita e merecia um dia como hoje. Me sinto feliz em fazer parte dessa Sessão ao lado da Pretas. O ‘#EleNão’, não teve o resultado que gostaríamos, mas a história foi feita sobre a liderança das mulheres. Bolsonaro chegou, mas ele vai sair e ele sabe disso”_, enfatizou ele.

“Com Bolsonaro, o Brasil naturaliza a cultura bolsonarista que é uma via que autoriza a agenda neoliberal que é uma expressão barbara e violeta do capitalismo”, considerou a vereadora petista, Maria Marighella.

A primeira parlamentar Trans eleita de Aracaju (SE), Linda Brasil, falou sobre a importância do manifestou no processo de desconstrução do formato tradicional de se fazer política. Ela afirmou que o #EleNão impulsionou a existência de mulheres nos espaços políticos: _“Tenho certeza que o movimento foi importante para muitas mulheres guerreiras, aguerridas, uma vez que, nas eleições de 2018 e de 2020, elegemos várias sementes ‘Marielle Franco’, por exemplo. Sem dúvidas, foi um pontapé para destruir uma estrutura política realizada unicamente por homens que pregam os seus interesses. Através do #EleNão, provocou-se uma mudança necessária e eu sou prova disso. Tenho certeza que as mulheres são decisivas no processo de derrubada desse facista”_, disse.

A presidente da ONG Tamo Juntas, Leticia Ferreira, também fez uma fala importante. Trazendo dados da atuação da Organização. Ela evidenciou o quão o governo de Bolsonaro representa uma violência extrema aos direitos humanos e às mulheres. _“A política de Bolsonaro se pauta em realizar um ataque diário às mulheres e promove um retrocesso no campo dos direitos sexuais e reprodutivos e no combate a violência. É muito incrível ter aqui nessa Câmara, por iniciativa de uma Mandata Coletiva constituída por mulheres, uma audiência que questiona lógicas autoritárias que perpetuam a política bolsonarista”_, detalhou ela.

A Deputada Estadual, Olivia Santana (PCdoB), comentou a postura de Bolsonaro diante da pandemia. _“São famílias chorando as suas perdas e ele sorrir, diante disso. E você ver um presidente curtindo, brincando, dizendo que é besteira e apostando na imunidade de rebanho é no mínimo inacreditável”_, ponderou ela.

A mesa do evento foi composta pela integrante da coordenação coletiva do Movimento Social das Mulheres Evangélicas do Brasil (MOSMEB), Elisabete Pereir; a integrante do movimento Quilombo Raça e Classe Belém (PA), Edilsa Serrão; a criadora do MUCB – Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, Ludimilla Teixeira; Iyálorixa, também Presidente da Associação Filantrópica Luz da Vida, Vilma De Odé; a primeira parlamentar Trans eleita de Aracaju (SE), Linda Brasil; a militante do Movimento Sindical, diretora nacional da Fenasps, Lídia de Jesus; a advogada e atual co-presidenta da ONG Tamo Juntas, Letícia Ferreira, a Militante do Movimento Negro Unificado – (MNU), também Liderança do Terreiro de Odé em Ilhéus (BA), Bernadete Souza e a militante feminista da RENFA, Perla Fonseca.

O evento contou também apresentações artísticas, da cantora e compositora, Jann Souza, da poetisa e co-realizadora do Sarau da Onça, Maiara Silva, e da Drag performer, Brendah Barbieri. Além dos parlamentares Maria Marighella (PT), Marta Rodrigues (PT), Luiz Carlos Suíca (PT), Silvio Humberto (PSB) e a deputada federal, Olivia Santana (PCdoB).

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