A Tribuna Popular desta segunda-feira (27/09), na Câmara Municipal de Salvador (CMS), recebeu a co-presidenta da ONG Tamo Juntas, Letícia Ferreira. Sob indicação da Mandata Coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), a líder da organização feminista apresentou a organização e o trabalho desenvolvido, trazendo uma fala bastante explicativa sobre a atuação da mesma na sociedade e relatou como tem feito para seguir com o propósito durante a pandemia.
“Durante a pandemia temos realizado as assessorias de forma intermitente, por meio de nossas voluntárias, atuando através de plantões nas nossas redes sociais, no nosso site com o formulário de contato e também através de canais via WhatsApp. Essa assessoria profissional é feita através do compromisso político feminista e do entendimento da necessidade de uma equipe multidisciplinar para atender essas mulheres em situação de violência, excepcionalmente as hipossuficientes que são as que mais precisam do Estado”, explicou Letícia.
Fundada em 2016 em Salvador, a ONG foi uma iniciativa da co-vereadora das Pretas Laina Crisóstomo. Atualmente, a ONG está presente em 16 estados do Brasil, atuando com mulheres cis e trans voluntárias nas áreas do direito, serviço social, psicologia e pedagogia, que prestam assessoria gratuita a mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social. A Organização segue os princípios éticos políticos feministas e antirracistas, fazendo enfrentamento a violência de gênero como uma organização da sociedade civil, combatendo também a violência institucional presente em espaços e serviços variados.
A grande missão da Tamo Juntas é desenvolver ações para os direitos das mulheres e meninas cis e trans em situação de violência, contribuindo para o resgate da sua cidadania. Nessa perspectiva, ela atua também com orientação das mulheres, no que diz respeito a relações de gêneros, realiza eventos sobre a equidade de gênero e representa judicialmente e extra-judicialmente pautas relacionadas a defesa dos direitos humanos. Além disso, são realizadas pesquisas, a fim de desenvolver programas de apoio, defesas e direitos para mulheres, população LGBTQIA+, crianças e adolescentes, pessoas idosas e com deficiências.
A ONG Tamo Juntas tem uma atuação completa diante do projeto de proteção aos direitos das mulheres. Sendo assim, fiscalizam a atuação do Estado que seria o responsável pela vida e acolhimento das mulheres. “Fiscalizamos os serviços e os equipamentos da rede de proteção. Especialmente em Salvador, temos tido uma incidência significativa no grupo de trabalho da rede de serviços, observando o cumprimento de normas e atenção, com o objetivo de evitar a revitimização e possibilitar que as mulheres acessem os direitos a elas garantidos”, disse Letícia, informando a todas as pessoas presentes que a ONG desenvolve também eventos comunitários, rodas de conversas e diálogos buscando a conscientização e o enfrentamento a violência de gênero em escolas, associações e comunidades. Além disso, a Organização tem desenvolvido, desde o início deste ano, o mutirão feminista pelo desencarceramento atuando em unidades prisionais femininas. Dessa forma, elas conseguem contemplar uma atuação nacional através do consórcio Lei Maria da Penha, atuando também na Frente Nacional pela legalização e descriminalização do aborto no Brasil. “Consideramos essa pauta um limite inconstitucional e que fere os direitos humanos das mulheres no Brasil, a proibição e a restrição do acesso ao aborto. Somos uma organização feminista composta por mulheres que fazem oposição ao governo genocida, como se coloca a política atual, e que faz o enfrentamento diário, fortalecendo as mulheres no resgaste de sua cidadania e no enfrentamento a violência”, finalizou Letícia.
DESRESPEITO – Lamentavelmente, durante a sua fala, a presidenta da Tamo Junta precisou solicitar atenção dos parlamentares, o que demonstra total descaso com a proposta da Tribuna Popular, além de efetivar o desrespeito com quem está em cima do púlpito. “Queremos ser ouvidas como Movimento Social e como Organização da Sociedade Civil. É importante ter a atenção do plenário para que eu possa continuar a fala fazendo uso desse espaço que foi historicamente renegado às mulheres”, solicitou ela.
A co-vereadora Laina Crisóstomo, durante a sua fala na Sessão Ordinária que sucedeu a Tribuna, também pontuou a postura dos parlamentares. _“Todos os dias nesta Casa, sejamos nós mulheres ou o movimento popular, precisamos pedir, implorar para sermos ouvidas. A companheira Marta Rodrigues outro dia aqui, disse que iria criar a hashtag #MeOuça, pois ela também enfrenta essas interrupções durante suas falas. E se essa casa, presidente, é a Casa do Povo, ela precisa ouvir o povo e precisa ouvir as mulheres que fazem luta todos os dias nas ruas”, disse ela Laina, saudando, na sequência, presença a presidenta da Tamo Juntas.
“Quero saudar a presença de Letícia na Tribuna Popular de hoje. Me orgulho de fazer parte do processo de criação da Tamo Juntas e ver como esse projeto segue caminhando com essa mulher potente, inspiradora e que muito nos orgulha de fazer um trabalho que é papel do Estado, mas infelizmente o mesmo não cumpre a sua função”, concluiu ela.