O “Enfrentamento ao Desmonte da Educação Pública” foi tema de Sessão Especial presidida pela Mandata Coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), realizada no último dia 04 de outubro, na Câmara Municipal de Salvador (CMS). Um diálogo urgente e necessário, as co-vereadoras Laina Crisóstomo, Cleide Coutinho e Gleide Davis convidaram pessoas importantes para compor a mesa e enriquecer o debate, a exemplo das Doutora em Ciências Sociais, Maíra Kubík e Caroline Lima; do licenciado em Geografia pela UEFS, Ildo Rodrigues Oliveira; da Coordenadora Executiva do Fórum Nacional de Mulheres Negras da Bahia (FNMN), Luciene França; da Doutora em Educação Pela UERJ, Luzi Borges e da Mestre em Economia pela UFBA, Priscila Martins de O. Santana.
_“Precisamos pensar não só na perspectiva de Salvador, mas pensar em como os enfrentamentos acontecem em todo o território da Bahia e, sem sombras de dúvidas reverberam no âmbito nacional. Hoje a gente tem uma política cada vez mais escancarada de assassinato das pessoas e eles tem feito isso de diversas formas, seja pelo auxilio emergencial de R$ 600,00, pela política da arma do estado e também uma política de ‘não acesso’ e de ataque aos direitos humanos. A mesa do debate de hoje é potente. Vamos falar da falta de interesse desse governo em investir na pesquisa, no ensino, na extensão da aprendizagem”_, a co-vereadora, Laina.
Desde que assumiu a presidência, Jair Bolsonaro não poupou esforços para atacar a escola e a universidade pública. Bilhões em verbas já foram cortados das universidades e institutos e o Ministério da Educação (MEC), já anunciou um corte de mais de R$ 4 bilhões no orçamento de 2021. Sem dúvidas, esse é projeto nefasto de políticos que são eleitos com doações eleitorais de empresários milionários e que atuam exclusivamente na defesa dos privilégios dos mais ricos em detrimento dos direitos da população, principalmente da camada mais pobre. Foi o que pontuou a Doutora em Ciências Sociais, Maíra Kubík.
_“Como bem disse Darcy Ribeiro, ‘a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto’. E eu acho que ele tem muita razão. A gente tem no Brasil um discurso muito fácil de que a educação é a saída, então sempre que estamos em época de eleição as pessoas sempre focam na educação e o no fim das contas essas saída nunca é implementada, ela vira um mito. Porque a educação no Brasil, até hoje, interessa as elites. Não é voltada para as classes populares. O projeto perverso que está na Camara dos Deputados que é a PEC da reforma administrativa é para que as universidades não acomodem todo mundo e isso fica muito evidente na fala do ministro da educação, quando ele diz que a ‘universidade não é para todos’. Eles não querem que a maioria da população vá para a universidade, tenha acesso, desenvolva o senso crítico e possa desenvolver projetos futuros”_, opinou Maíra Kubík.
A Doutora em Ciências Sociais, Caroline Lima, considera que defender a universidade é defender o patrimônio do povo e lutar por um direito constitucional do acesso à educação pública e, acima de tudo, a políticas de reparação. Ela trouxe uma reflexão dobre o quão o processo de acesso às universidades, ainda hoje, é uma questão de privilégios. _“Falar da educação é fazer uma denúncia, inclusive, sobre o que esse ‘desgoverno’ vem fazendo contra as nossas universidades. Porque barrar o desmonte da educação? A universidade não foi pensada para mulheres, mulheres negras e nem para filhos e filhas da classe trabalhadora, muito menos para pessoas com deficiência. A educação foi pensada para formar os homens do estado, cis, branco, privilegiado e hetero. Não foi pensada para a diversidade e muito menos para a população LGBTQIA+”_, disse.
A doutora em educação pela UERJ e professora da UESC Luzi Borges, pontuou sobre o cenário de destruição do Brasil, onde existe mais 14 milhões de desempregados, 38 milhões de subempregados e 19 milhões de pessoas passando fome. _“O aumento da bancada da bala, da bíblia e do boi acentua a destruição do sistema público. O corte de verbas, faz parte dessa barragem que as classes burguesas impõe às classes populares, tirando o acesso à educação. O objetivo deles é manter os corpos negros e pobres como mercadoria. Faz parte do processo da necropolitica. É um pacto de controle social”_, disse ela. .
A Sessão trouxe um diálogo que versou ainda sobre a impossibilidade de as crianças acessarem às escolas, durante a pandemia, já que, em muitas casas não se tem nem o que comer, e não existe sequer celular dos pais para acompanhamento remoto das aulas, muito menos internet e tecnologia. O evento foi transmitido ao vivo pela TV e Rádio CAM e também pelas redes sociais da CMS.

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