Na manhã desta terça-feira (14), a mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA) esteve presente com a co-vereadora Cleide Coutinho, que participou do café da manhã promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Câmara Municipal de Salvador (CMS), em solidariedade a vice-presidente da OAB/BA na última gestão, Dr. Ana Patrícia.

Ana Patrícia Dantas sofreu de maneira exacerbada, agressões durante e após a eleições da OAB/BA, quando disputou o cargo de presidenta da ordem.

O encontro também contou com a presença das vereadoras, Marta Rodrigues (PT), Maria Marighella (PT), Roberta Caires (Patriota), Cátia Rodrigues (DEM) e Ireuda Silva (Republicanos). O café da manhã teve o intuito de promover um espaço de acolhimento e escuta de todas as violências de gênero que a advogada sofreu durante e pós campanha. Além disso, houve encaminhamentos de quais medidas deverão ser tomadas. A reunião aconteceu no auditório Yolanda Pires, dentro da CMS.

Segundo o relato da Dr. Ana Patrícia e de acordo com vídeos circularam amplamente nas redes sociais, mostram que os ataques ocorreram no local de trabalho e no prédio da vítima. Essa é mais uma ocorrência de violência de gênero.

Uma das agressões que Ana Patrícia Dantas sofreu, aconteceu logo após o resultado das eleições. Nessa situação, as ofensas foram dirigidas a ela por meio de um carro de som e até envio de flores com bilhetes contendo xingamentos. Ana contou que os ataques começaram ainda durante sua campanha e que esse momento de acolhimento a estimula a não desacreditar na luta por mais mulheres ocupando espaços de poder.

“Hoje me sinto fortalecida e as ações de acolhimento como essa de hoje, me estimulam a seguir. Não vai ser um ou outro machista que vão me destruir. Eles precisariam ser muito bons e não são. Fiquei muito sentida não somente pela atitude dos homens, mas sobretudo pelo silêncio das mulheres e o comportamento apático de toda a gestão. Mulheres que estão juntas há décadas e, quando uma violência dessa acontece, elas se silenciam, mostrando que a causa da mulher promovida na disputa da OAB/BA foi apenas uma bandeira eleitoral. Se eles tivessem me chamado de corrupta, de desonesta, aí sim eu sofreria, mas como isso eles não podem dizer, me agrediram na condição de ser mulher ”, disse ela.

A Comissão da Mulher junto com a CMS, promovem Audiências Públicas, Sessões e diversas ações em defesa do direito das mulheres. “Em pleno século XXI você espera dos poderes públicos um auxilio, que eles venham libertar e não oprimir e nós temos aqui um caso muito triste. É o nosso papel enquanto Comissão de Mulheres, ouvi-la. Uma mulher que foi hostilizada e humilhada, simplesmente por participar de uma eleição que é de direito”, disse a vereadora Ireulda Silva, que também é presidenta da Comissão de Mulheres.

A luta e defesa das mulheres lidera as pautas defendidas pelas Pretas Por Salvador, uma mandata composta por três mulheres negras. Nessa perspectiva, a mandata tem promovido diversas formas de enfrentamento que fortalece os direitos das mulheres, garantindo acesso a políticas públicas e um papel de protagonismo para essa classe que tem sido deslegitimada e vítima de diversas violências.

A co-vereadora das Pretas, Cleide Coutinho, prestou seu apoio a doutora.
“Que você receba esse afeto da Comissão e da nossa mandata Pretas Por Salvador. O relato que você traz aqui é muito forte e que bom você teve a oportunidade de estar aqui e colocar pra gente toda a violência que está passando. Sinta o nosso apoio, carinho e solidariedade”, disse a parlamentar.

Entre os encaminhamentos tirados na reunião, listou-se a importância de criar uma campanha publicitária com foco no constrangimento, usando o caso em questão como referência, afim de abordar na imprensa e redes sociais das vereadoras, o repúdio a violência contra a mulher. Além disso, ficou acordado que durante a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira (15/12), a Comissão de Mulheres irá apresentar ao presidente da CMS Geraldo Júnior, uma Moção de apoio e solidariedade a Ana Patricia. A Comissão avalia ainda a realização de uma audiência pública, para abortar o fato.

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