A mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), na tarde desta quinta-feira (17/03), participou de reunião com o Ministério Público (MP) sobre as obras de requalificação das Dunas do Abaeté. Desta vez, a pauta tratada foi o racismo religioso presente na obra de arquitetura instituída pela Prefeitura Municipal de Salvador. Essa reunião foi convocada pela Promotoria de combate ao racismo.
 
A reunião com a Promotora de Justiça do Estado da Bahia, Dra. Lívia Sant’Anna Vaz, abordou a Representação que a mandata já havia enviado ao MP, denunciando as obras no Abaeté, na perspectiva do racismo religioso, sendo o Abaete um território ancestral e utilizado por povos e comunidades tradicionais. A co-vereadora Laina Crisostómo enfatizou a posição da bancada de oposição e do povo de santo em relação a realização da obra.

“É importante que se diga que a gente entendeu o projeto, mas não concordamos com ele. Nós, povo preto, povo de santo de Salvador e parlamentares de oposição nesta cidade, entendemos o projeto e não concordamos, porque não concordamos que ele não irá trazer impacto ambiental, mesmo porque vocês prefeitura, não apresentaram nenhum relatório de impacto ambiental, a gente não sabe o quanto vai ser destruído ali”, disse ela.

Na tentativa de exigir respostas, o diálogo também expôs o envio de dois ofícios, um em 14 de fevereiro e o outro em 14 de março para a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (SEINFRA), que solicitaram informações sobre o projeto, mas não houve retorno, de modo que desconsidera a Lei de acesso à informação e desrespeita a Lei de transparência. Para as Pretas, a obra avaliada em R$5 milhões, provocará devastação ambiental e evidencia o racismo religioso, já que não houve escuta dos moradores locais, nem Audiência Pública e contempla apenas uma religião.

“Já tem inúmeros casos de relatos dos terreiros no entorno que estão sofrendo intolerância religiosa, que estão sofrendo agressões verbais e físicas de não conseguir acessar aquele território que também é um espaço sagrado nosso. Estou fazendo essa live ainda no calor dessa reunião pra dizer que estamos indignados, a gente sai com uma sensação muito triste da falta de responsabilidade do poder público”, acrescentou Laina por meio de suas redes sociais.

Em busca por mais ações que defendam as diversas tentativas de ataques no local, As Pretas anunciaram a realização de uma Audiência Pública que trate as ilegalidades do projeto, e convocou a população para mais um ato, que acontece na manhã do próximo sábado (19/03). Nesta reunião, estiveram presentes, a Frente Nacional Makota Valdina; Fórum Permanente de Itapuan, Programa A voz do Axé, Lideranças religiosas de matriz africana; Moradores do bairro de Itapuã, SEINFRA e a Secretaria Municipal da Reparação (SEMUR).

Categorias: Notícias