Esta segunda-feira (14/03) foi marcada por diversas mobilizações na busca por justiça aos assassinatos da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Entre as ações realizadas, aconteceu na Câmara Municipal de Salvador (CMS), uma Sessão Especial presidida pela mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA) e pela vereadora Maria Marighella (PT/BA), com o tema: ‘04 anos sem resposta: Em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes’.

O evento exigiu justiça e repostas ao crime brutal onde seus mandantes continuam impunes perante à justiça. A co-vereadora do coletivo Pretas Por Salvador, Laina Crisóstomo, falou sobre a violência política de gênero vivenciada por diversas parlamentares no cenário político do Brasil, inclusive, a sua mandata que luta para não ser silenciada diariamente.

 “Quatro anos sem justiça e sem resposta de uma das primeiras vítimas do feminicídio político, de um debate que a gente tem feito agora, mas que há muito tempo existe. Antes do golpe misógino de Dilma, tiveram muitas mulheres que não conseguiram acessar e estar no espaço da política institucional por conta da violência política de gênero”, disse ela.

Na perspectiva de uma evolução constante que acolha e promova não apenas equidade para  as mulheres, mas acesso e protagonismo, a vereadora Maria Marighella, ressaltou a necessidade de encontrar justiça para alcançar melhorias. “São muitos e muitas, é gente de toda parte e por toda parte sabendo que o encontro com a memória, com a verdade e a justiça será fundamento e fundação necessária para o futuro que precisamos inaugurar”, relatou ela.

Promovendo um espaço de ricos diálogos, neste dia que constitui uma data simbólica e que representa para muitas mulheres luta e resistência, alguns questionamentos foram feitos, entre eles, o ‘Por que Marielle foi morta?’, e o ‘Quem’ passou ser: ‘Quem mandou o vizinho de Bolsonaro matar Marielle?’. Todas essas são perguntas que ecoam nos pensamentos de todas as mulheres que se inspiram no legado de Marielle, a exemplo da co-vereadora das Pretas, Cleide Coutinho, que ressaltou a importância da referência da ex-vereadora do Psol, para as intituladas ‘Sementes de Marielle’.

“Eu acredito que se Marielle estivesse entre nós, ela estaria feliz de ver o quanto as mulheres têm avançado. Pena que, infelizmente, nós tivemos que perder ela para essa luta avançar. É com muita dor que falo isso aqui: precisamos avançar nos espaços, protagonizar nossas lutas porque era isso que Marielle fazia”, destacou Cleide.
 
As repercussões após os assassinatos, manifestou revolta e mobilização popular. O crime fere diretamente a democracia brasileira. A ativista e defensora dos direitos humanos, das mulheres, negros e LGBTs, Vilma Reis, fez uma emocionante reflexão sobre o papel de protagonismo que as mulheres sempre exerceram e encorajou esse público a seguir fazendo os enfrentamento.  

 “Precisamos erguer nossas vozes, nos colocar como negras, como mulheres, como feministas, nos colocarmos como LGBT, entrarmos pela porta da frente de cabeça erguida em espaços que rejeitam a nossa presença. Só que essa revolução construída por mulheres no interior dos partidos nos traz até aqui e faz a gente e mais gerações entrarem de cabeça erguida, bicando a diagonal, sem pedir licença ao opressor. Elas nos deram a possibilidade para fazermos isso”, enfatizou.

A mesa foi composta pela mestra em Jornalismo e Inglês e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco; o deputado estadual, Hilton Coelho (PSOL); a advogada e professora e viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus; a promotora de Justiça baiana, Lívia Sant’anna; a socióloga e ativista brasileira, Vilma Reis; a vereadora Tainá de Paula (PT/RJ); a coordenadora do Fórum Marielle, Denize Ribeiro; a pedagoga e integrante da Articulação dos Movimentos e Comunidade do Centro Antigo de Salvador, Ana Caminha; a cofundadora da Marcha do Empoderamento, Naira Gomes; secretária estadual de mulheres do PT Bahia, Jazi Mota; representantes do movimento, Slam das Minas.  Em formato semipresencial, a Sessão foi transmitida ao vivo na TV e Rádio CAM e também pelo Facebook da Câmara.

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