Aconteceu, na tarde desta terça-feira (19/04), no Centro Cultural da Câmara de Vereadores e Vereadoras de Salvador a Audiência Pública pelo fortalecimento das religiões de matrizes africanas e a defesa dos direitos humanos das mulheres de terreiros. Organizado e articulado pela Rede de Mulheres de Terreiro da Bahia, o evento contou com o apoio da mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), visando debater as inúmeras formas de violência, intolerância, ódio e racismo religioso vivenciado todos os dias, pelo povo adeptos a religião de matrizes africanas.

Reunindo mulheres de diversas regiões da Bahia, a Audiência dialogou a respeito da elaboração de diretrizes para o enfrentamento ao ódio religioso, a violência contra as mulheres de terreiros e outras formas correlatas de ataques ao direito constitucional, pautando inclusive, denúncias sobre os casos de violação de direitos cometidos contra grupo de Povos Tradicionais. Em entrevista para a TV CAM, a Yao e co-vereadora da mandata das Pretas Por SSA, Laina Crisóstomo, ressaltou a potência do evento e em como os debates incluem diversos temas, como a urbanização do o Abaeté e a pedra de Xangô.

“As pessoas romantizam muito e folclorizam o processo de Candomblé. O candomblé na verdade é resguardo, é respeito, enfim, é resistência e é um processo de história de luta, que durante muito tempo foi considerado crime. Para tocar atabaque precisava pedir autorização na delegacia, então na verdade, nós estamos fazendo um debate que é contrário, é retomar ao estado, entender que o estado é laico e que a nossa religião não é criminosa, Exu não é diabo e nós vamos continuar fazendo resistência e luta pelo povo preto, pelo povo ancestral, pelos que vieram antes de nós e pelas próximas gerações”, enfatizou ela.

Presente no evento, a Yalorixá e assessora parlamentar da mandata, Bernadete Souza, moradora da cidade de Ilhéus (BA), fez um discurso significativo sobre a necessidade de dialogar os direitos do Povo de Santo, sobretudo em locais que não tem total acesso a esses enfrentamentos.

“Fui convidada a participar dessa mesa para citar um fato de violência, já que a gente está falando sobre intolerância religiosa, sobre direitos humanos e infelizmente na nossa Bahia e no nosso Brasil, especialmente pelos interiores baianos enquanto participei de reuniões eu disse que precisamos levar a rede para o interior, pois aqui em Salvador e no recôncavo muitos conhecem e estão nessa mobilização, mas quando partimos para o Sul e extremo Sul, baixo Sul a realidade muda”,disse ela.

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