Nesta quarta-feira (01/06), a mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), se posicionou acerca da Condenação de Sari Corte Real, responsável pela morte de Miguel Otávio, de 5 anos, que faleceu em 2 de junho de 2020 ao cair do 9º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, prédio de luxo, em Recife. A tragédia aconteceu enquanto Mirtes Santana, mulher negra, mãe e empregada doméstica na casa de Sari, passeava com a cadela dos patrões na parte externa do prédio, e deixou seu filho sob os cuidados da então primeira-dama de Tamandaré.
Sari foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por abandono de incapaz, podendo, inclusive, recorrer a decisão. A decisão divulgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na noite desta última terça-feira (31/05), antevéspera da morte de Miguel completar dois anos, reverbera um processo simbólico, que levanta inúmeros debates, como o racismo, a escravidão e a exploração das mulheres negras. Para a co-vereadora das Pretas, Laina Crisóstomo a condenação de Sari, levanta inúmeros questionamentos revoltantes, como o fato da ré ter sido acusada por abandono de incapaz e não como a causadora da morte.
“Essa decisão levanta inúmeros debates para nós. O menino morreu, ou seja, ela deveria responder no tribunal do Júri, a condenação dela seria muito mais grave, porque a morte de crianças tem um apelo muito grande e para além disso tem qualificadoras no código penal”, destacou ela.
Com diversos levantamentos sobre o caso, Laina, também na condição de mãe, mulher preta e advogada, ressaltou os muitos debates relacionados ao caso do menino Miguel, a exemplo da exploração de empregadas domésticas, em sua grande maioria, mulheres negras.
“No período extremamente delicado da pandemia, essas mulheres não tinham o direito de estarem em suas casas, com suas crias. Pelo contrário: precisavam ir aos trabalhos para serem extremamente exploradas, deixando os seus filhos literalmente vulneráveis”, completou Laina.
A morte de Miguel gerou grande repercussão popular, motivando protestos e diversos pronunciamentos de figuras públicas e representantes legislativos. A mandata ainda destacou, que seguirá fiscalizando e cobrando para que a justiça seja feita.