Na edição do programa Fantástico (Rede Globo), deste último domingo (19/06), foi veiculada uma matéria que revelou os mais diversos maus tratos e o crime de LGBTFobia praticados na Fundação Dr. Jesus, que é comandada pelo Deputado Federal Sargento Isidoro (Avante/BA). A mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), se pronunciou em repúdio ao caso que abre debates para muitas pautas, como o tratamento LGBTfobico ao internos, o desrespeito aos direitos humanos, a tortura como método de “tratamento” e o fundamentalismo religioso com imposição de dogmas religiosos.
O espaço que deveria ser de acolhimento e de tratamento, demonstra a realidade de um país que usa de dinheiro público para aplicar métodos que ferem os direitos humanos e são contrários ao que orienta a ciência. Castigos físicos e racionamento de comida, segregação e repressão sexual, doutrinação religiosa interferindo no cuidado médico, são alguns dos “cuidados” presentes na rotina em muitas das fundações brasileiras, como no caso da Fundação Dr. Jesus dirigida pelo atual deputado federal baiano Pastor Isidório, inclusive, foi o parlamentar mais votado da Bahia.
Um trecho da reportagem exibe a fala do edil, na qual associa pessoas transgênero a práticas diabólicas. “Você deixou o diabo lhe enganar. Você deixou o médico cortar seu pé de sofá. Ela só pensa que tem bilau. O diabo diz ao homem que ele pode ser mulher, aí ele se veste todo, bota silicone”.
De acordo com a apuração do Fantástico, a Fundação Dr. Jesus recebeu do Governo da Bahia, desde 2015, um repasse no valor de R$ 84 milhões, destacando também que ao longo dos anos, as comunidades terapêuticas têm recebido cada vez mais dinheiro público, repassado por municípios, estados e pela União. Vale ressaltar que muitas dessas instituições, utilizam de recursos públicos para promover desrespeito aos direitos humanos e a comunidade LGBTQIAP+, e mesmo sendo função do Estado garantir tratamento adequado, os investimentos em estabelecimento que não se comprometem com a dignidade humana e ignoram a ciência em seus métodos de tratamento, têm sido cada vez mais recorrentes.
Em publicação realizada na manhã desta segunda-feira (20/06), As Pretas destacaram total repúdio ao caso, que enfatiza crimes como homofobia, transfobia e intolerância religiosa. Para o coletivo que luta por inclusão e em defesa dessa comunidade, tendo inclusive, a co-vereadora Laina Crisóstomos como única parlamentar lésbica na Câmara Municipal de Salvador (CMS), o acontecimento coage e influencia as pessoas a acreditarem que não é certo ser quem são e que serão “curadas” através da religião.
“A quem interessa investir 84 milhões de reais numa comunidade terapêutica que publicamente é colocada como um espaço de tortura, de cárcere, de violência, de trasnfobia? Então a gente quer saber, Rui Costa, Jaques Wagner, queremos saber mais uma vez da esquerda que quer fazer guerras às drogas, porque recentemente tinha campanha publicitária ‘Crack, Cachorro, Cadeia’, ‘ Drogas destroem sua família’, quando na verdade o entendimento que temos é que para se debater a perspectiva da descriminalização das drogas, na revogação da lei de drogas, mas acima de tudo numa política real de redução de danos”, ressaltou Laina em vídeo publicado nas redes sociais.
O acontecimento também reafirma a necessidade de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e todos os seus programas, assim como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), já que o governo federal tem feito exatamente o oposto, e aumentado drasticamente o financiamento dessas instituições privadas em detrimento ao financiamento das CAPs AD.