Na manhã desta quinta-feira (30/06), a mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA) presidiu uma Sessão Especial dialogando sobre o dia internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, que é comemorado em 28 de junho. Apesar das diversas formas de violência contra a comunidade, o evento visa dar continuidade aos enfrentamentos e resistência em prol da liberdade, do acesso a direitos e em defesa das vidas dessas pessoas.

Reunindo grandes representantes da comunidade LGBTQIAPN+ e da luta contra a LGBTfobia, a Sessão abordou desde a história que marca a concretização do dia 28 de junho em 1969, como a data do Orgulho LGBT, aos enfrentamentos diários por direitos, acessos e aceitação. Porta voz dessa comunidade, a co-vereadora Laina Crisóstomo é a única parlamentar lésbica assumida na Câmara Municipal de Salvador (CMS), e utiliza de suas próprias vivências para abrir espaços e garantir os direitos dessa população. Durante a Sessão a parlamentar ressaltou a dificuldade da comunidade em conquistar espaços e direitos, mesmo com vários anos de lutas.

“A data 28 de junho é uma data muito emblemática para nós, mas que simboliza muito de resistência e de luta, que fica nos anais da nossa história, justamente porque a gente faz luta e resistência há muito tempo. Desde 1969, essa rebelião de Stonewall traz para nós muita reflexão e o mês de junho é muito emblemático para dialogarmos não só sobre a perspectiva do que foi a rebelião, mas de todas as conquistas que a gente tem travado nesse caminho, conquistas muito graduais, passos muito lentos em razão dessa sociedade LGBTfóbica que a gente vive”, disse ela.

O evento também abriu espaço para denunciar os dados alarmantes de violência contra essa comunidade. Vale destacar que o Brasil ocupa, pelo quarto ano consecutivo, o ranking de países que mais mata pessoas. Contribuindo para Sessão, o ativista, fundador da Torcida LGBTricolor e Canarinhos LGBTQ, responsável também pela autoria da Lei Teu Nascimento e da Lei Millena Passos, Onã Rudá falou sobre a importância dessas Leis, que punem a prática de LGBTfobia nos estabelecimentos de Salvador e da Bahia, e sobre a ausência de representantes políticos que atuam em defesa dessa comunidade.

“A gente tem esses dois experimentos: a Lei Teu Nascimento e a Lei Millena Passos, que deram para a gente pistas de como a nossa ação pode se ampliar. Temos uma série de problemáticas que dizem respeito às nossas demandas na sociedade. O levantamento recente que eu fiz aponta que de 39 deputados federais, 30 não se pronunciaram sobre o dia de ontem. Isso mostra a carência de representantes que realmente abraçam a nossa causa e a nossa luta”, destacou Onã.

Acreditando em uma sociedade livre de preconceitos e construída a partir do direito de amar e de ser amado, independente da orientação sexual ou identidade de gênero, as Pretas, têm feito história dentro e fora da Câmara Municipal de Salvador (CMS). A co-vereadora Cleide Coutinho, enquanto mulher negra, evangélica e progressista, relatou sobre seu aprendizado constante com a comunidade LGBTQIAPN+.

“A razão de eu estar aqui é porque eu fui forjada na luta, eu aprendi o quanto que essas pessoas trans, LGBT, tem sofrido. Não me coloco nesse lugar, mas eu aprendi a respeitar, aprendi a ouvir e aprender ouvir e respeitar é um ato de amor e eu estou aqui para isso: para entender as reivindicações pelo que essas pessoas lutam, pela garantia de direitos e isso é muito importante”, pontuou Cleide.

Com um mandato pautado nessa luta, o coletivo já protocolou Projetos como o PLE nº 222/2021 que institui o Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio e o PLE nº 312/2021, que dispõe sobre a implementação de medidas voltadas para atenção à saúde de mulheres lésbicas, bissexuais e pessoas trans. Valorizando essas iniciativas, mas também fazendo uma reflexão potente sobre a importância de olhar para as pessoas Trans, que são as maiores vítimas da violência cruel da sociedade, a travesti, diretora do núcleo Trans Jovanna Baby da USP e na Coletiva Xica Manicongo, Victória Dandara falou sobre o tema.

“É muito grave o cenário de desrespeito aos direitos humanos, de desrespeito a nossa dignidade nesse país e isso acaba tendo uma dívida histórica do movimento LGBT, desse gênero para conosco, porque se fomos nós que abrimos as portas lá atrás, hoje nós somos deixadas para trás, deixadas de lado, aquelas que ninguém lembra”, ressaltou Victória.

Estiveram presentes compondo a mesa o Ativista, Fundador da Torcida LGBTricolor e Canarinhos LGBTQ e Autor da Lei Teu Nascimento (que pune atos de lgbtfobia em Salvador) e da Lei Millena Passos (na Bahia), Onã Rudá; a Yalorixá, travestis, negra, pedagoga, escritora, educadora social e assessora parlamentar das Pretas, Thifanny Odara; a comunicadora social, mulher negra, bissexual, pesquisadora e integrante do Instituto Odara, Joanna Bennus; a fundadora do Potências Lesbi e integrante do Fórum Baiano LGBT/Coletivo Lesbibahia, Bárbara Alves; o ativista pelos direitos humanos, coordenador estadual de políticas públicas para inclusão da PcD no Coletivo Malês, gay e PcD, Diogo Magno; a cantora, compositora e produtora musical, Ize Duque; a servidora pública, ativista social pelos direitos humanos e psicóloga, Talita Leila; a coordenadora do coletivo Mães do Arco-Íris e mãe de um rapaz gay, Carmen Oliveira; o ativista dos direitos de pessoas vivendo com HIV/AIDS, ativista LGBTQIAPN+ e co-fundador da coletiva Benedites, Ton Shubber; a travesti, diretora do núcleo Trans Jovanna Baby da USP e na Coletiva Xica Manicongo, Victória Dandara; o guarda municipal, coordenador de ações de prevenção à violência e membro da Rede Nacional de Operadores da Segurança Pública LGBTQIAPN+ (RENOSP), James Azevedo e a secretaria executiva do Conselho Estadual de Defesa das Mulheres SPM/BA e ativista do movimento LGBT, Millena Passos. Em formato online, o evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara, e está disponível no Facebook da CMS.

Categorias: Notícias