Na manhã da terça-feira (30/08), a Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Salvador (CMS), ocupada pela mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), presidiu uma Sessão Especial em comemoração ao Dia da Visibilidade Lésbica. Em formato online, o evento foi transmitido pela plataforma Zoom e pela TV e Rádio Câmara, abordando a importância da data, bem como o combate à lesbofobia e a luta dessas mulheres por equidade e garantia de direitos.

A Sessão visa a comemoração do Dia da Visibilidade Lésbica, celebrado nacionalmente no dia 29 de agosto, data que foi criada em 1996, durante a realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), organizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ). Sendo um marco na luta das mulheres lésbicas, a criação da data tem como principal objetivo a luta pelo enfrentamento à lesbofobia, a busca pela visibilidade de direitos e o posicionamento na sociedade combatendo inclusive, a misoginia.

“A gente precisa não contrariar a lógica, mas ser quem nós somos. Os padrões não nos cabem mais, as caixas não nos cabem mais, os armários também, já não tem mais tamanho para nós. É verdadeiramente aquela mala que a gente viaja, vai em um tamanho e quando volta não cabe tudo, porque é isso: depois que você sai do armário não dá mais pra entrar, é sobre um processo de libertação, sobre um processo de ser quem a gente é. E quando a gente se liberta numa perspectiva da orientação sexual e da identidade de gênero, a gente se liberta de todas as outras coisas, a gente consegue ser verdadeiramente quem a gente é”, disse Laina Crisóstomo, co-vereadora das Pretas e primeira lésbica assumida na Câmara Municipal de Salvador (CMS).

Promovendo mais um encontro que ressalta a luta por inclusão e acesso a direitos, as Pretas reafirmam seu compromisso de enfrentamento ao machismo e outras formas de preconceito à comunidade LGBTQIAP+. A Sessão também foi um momento de fortalecimento e escuta para as mulheres que de muitas formas são invisibilizadas pela sociedade, mas também da busca de políticas públicas eficazes, afinal o Brasil, além de não reconhecer essas mulheres, não atuam para que sejam produzidos dados que as incluam. A Militante do PSOL, lésbica e mestra em Economia pela UFBA, Priscila Martins, destacou alguns dos diversos desafios enfrentados por mulheres lésbicas do país, que torna através do machismo um espaço adoecedor, responsável por grandes índices de violência, mas também de morte a comunidade.

“Os desafios que a gente enfrenta são inúmeros, são os familiares, nas instituições escolares, no acesso ao serviço de saúde, tenho inclusive acompanhado a mandata atuando nessa perspectiva de saúde para as mulheres e para as mulheres lésbicas, essa é uma luta muito importante. A gente também enfrenta desafios no âmbito de segurança. Eu sempre falo para amigos heterossexuais que eles não sabem como é a sensação de beijar quem a gente gosta, ama ou que têm atração efetiva sexual e ao mesmo tempo temer um ataque que pode vir de qualquer lado”, comentou Priscila.

Reunindo mulheres lésbicas de diferentes áreas, reafirmando a força e potência de não apenas ser uma mulher lésbica, mas de ser mulher lésbica assumindo o protagonismo em todos os espaços, o evento contou relatos sobre situações vivenciadas individualmente por cada uma, mas que trazem a necessidade de luta e enfrentamentos a partir da união de todas. A escritora e criadora de conteúdo sobre maternidade lésbica pelo Instagram, mãe, lésbica, Marcela Tiboni ratificou a dificuldade do acesso a maternidade para essas mulheres, incluindo na sua fala, enquanto mãe de gêmeos a luta para mais mulheres trans e lésbicas tenham o mínimo de dignidade seja nos hospitais, cartórios, clinicas, registros, SUS.

“A única coisa que eu quero é ser chamada de mãe pelas instituições públicas desse país, meu único desejo é entrar para a família tradicional sapatão brasileira desse país, que são inúmeras, somos famílias como todas as outras, temos esse orgulho de ter filhos como todas as outras e eu não quero acabar com a instituição família eu só quero caber na instituição família e que nela possa caber mais famílias, essa é minha luta pessoa que desemboca numa luta coletiva”, destacou ela.

Participaram da Sessão compondo a mesa a Militante do PSOL, lésbica, Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Mestra em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Priscila Martins; a tatuadora a 7 anos, lésbica, Fhanny Cardim; a lésbica, preta, feminista, autônoma e moradora da Cidade Baixa/ Uruguai, Neydinha Bahia; a Lésbica, Professora da educação básica, sindicalista, presidenta do Psol Itacaré e Coletivo Empodere, Aline Mimoso; a lésbica, militante feminista e antirracista. Administradora especialista em gestão de pessoas, educadora popular e redutora de danos. Atualmente assessora das Pretas, Rose Cristiane Salvado; a mulher preta, mãe solo, Lésbica, Historiadora, artista, educadora social em Promoção de Políticas de Igualdade Racial, Dirigente Nacional da Setorial de Mulheres, Presidente do Diretório Municipal de Vitória da Conquista, Dirigente Estadual da Executiva PSOL Bahia, Kêu Souza; a mãe, lésbica, escritora e criadora de conteúdo sobre maternidade lésbica pelo Instagram, escreveu os primeiros livros sobre dupla maternidade do Brasil, sendo MAMA: um relato de maternidade homoafetiva (2019), Maternidades no Plural (2021) e DESMAMA: memórias de uma mãe com outra mãe (2022), Marcela Tiboni e a Feminista, Lésbica, Candomblecista, Antiproibicionista, Mestra em Economia pela UFBA, Coordenadora Política da Mandata das Pretas Por Salvador, Membra da Setorial de Mulheres e da Executiva Estadual PSOL Bahia, Eline Matos.

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