A Câmara Municipal de Salvador (CMS) aprovou nesta terça-feira, 22 de agosto, o Projeto de Lei (PL) n° 189/2023 do Executivo, que solicita autorização para a realização de empréstimo de R$ 300 milhões para a Prefeitura. No entanto, essa aprovação não foi isenta de debates e divergências, com uma votação que contou com votos contrários provenientes de parte da bancada de oposição, incluindo o da mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), que representada pela co-vereadora Laina Crisóstomo sofreu mais uma vez violência política de gênero.

O pedido de autorização para realização de empréstimo no valor de R$ 300 milhões, solicitado pelo prefeito Bruno Reis (UB), foi enviado no dia 1º de agosto, mas não incluía na matéria um relatório de impacto, levantando questionamentos sobre o discurso anterior do Executivo quanto ao equilíbrio financeiro. A falta de transparência sobre o direcionamento do recurso, foi outro empecilho para o exercício do legislativo, de fiscalizar adequadamente o executivo, resultando em votos contrários por parte da bancada de oposição da Casa Legislativa.

Durante o seu discurso na sessão da tribuna, a co-vereadora Laina Crisóstomo abordou a divergência em relação ao empréstimo, mas teve sua fala interrompida pelo barulho provocado por considerável parcela dos demais Edis, em conversas paralelas tanto na mesa diretora, quanto no plenário da Casa Legislativa. Esse não é um caso isolado, pelo contrário, constitui um exemplo emblemático da frequente manifestação de violência política de gênero direcionada às mulheres que ocupam cargos parlamentares, dentro do próprio ambiente político.

“Eu queria muito não ter que gritar, sabe por quê? Porque tem um monte de homem nesse plenário usando laço do agosto e lilás, mas quando Marta falou e quando eu estou falando não param de conversar, não respeitam as mulheres falando. Não adianta botar lacinho lilás no peito e continuar a ter práticas de violência e de machismo. É surreal! Eu estou gritando para garantir que eu seja ouvida. A gente está em 2023 fazendo debate de que por mais que a gente tenha mulheres eleitas elas não conseguem fazer luta real, porque a gente é interrompida, é violentada, é ameaçada, mas acima de tudo a gente é desrespeitada na própria casa, onde a gente atua”, disse Laina.

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