A co-vereadora da mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), Laina Crisóstomo, se tornou alvo de uma campanha de desinformação, discurso de ódio e violência política de gênero, após divulgação falsa de que haveria protocolado um projeto para implementação de “Kit Drogas” na capital soteropolitana. A campanha inicialmente difundida através de vídeo editado de seu discurso na Câmara Municipal de Salvador (CMS), por um militante direitista da Bahia, foi repostado nas redes de um deputado de São Paulo e mais recentemente por um vereador bolsonarista da capital baiana.

Como se não bastasse, o vereador também publicou um card com foto da Edil, na rede social, e nota em seu site pessoal reafirmando de forma grotesca e mentirosa, tal notícia.

No vídeo, modificado, Laina é falsamente retratada como incentivadora de que “jovens morram por overdose e dependência química”, quando na realidade, ela estava abordando a guerra às drogas que existe no país. Ela aborda como esse debate deveria se dar a partir do direito à saúde pública e não na segurança pública, afirmando que “a guerra nunca foi às drogas, mas aos corpos da população preta”.

No vídeo original, Laina também apresenta um material elaborado pela “Escola Livre de Redução de Danos”, de Recife. O material trata dos riscos da mistura de drogas lícitas ou ilícitas, e apresenta itens de uso individual para prevenir, inclusive, infecções sexualmente transmissíveis. Vale ressaltar que, tais orientações quanto a Redução de Danos faz parte da política de atendimento às pessoas usuárias de drogas lícitas e ilícitas no Brasil, desde 1994.  

“E quando a gente fala sobre descriminalização de todas as drogas, é sobre isso que estamos falando. Porque a gente sabe que o alvo nessa política falida de “guerra as drogas” tem cor e endereço. E sim, esta é uma Mandata Antiproibicionista! Defendemos a Descriminalização, defendemos a redução de danos, e não são Fake News, nem campanhas difamatórias que irão nos calar”
, afirma a co-vereadora.

Violência e perseguição

O caso ocorre em um contexto em que a violência política de gênero continua a ser um problema alarmante. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a lei que criminaliza a violência política de gênero completou dois anos no mês de agosto, último, e já há 124 casos em acompanhamento. Essas manifestações refletem a resistência às vozes femininas ativas na política e revelam a necessidade de maior conscientização sobre a importância da representatividade e do respeito às mulheres nesse espaço.

A internet também se tornou um terreno fértil para a disseminação de notícias falsas e discursos de ódio, especialmente quando as vítimas são mulheres. O debate de ideias muitas vezes se transforma em ataques pessoais, afetando a dignidade e a honra das mulheres que estão na esfera pública. Vale ressaltar que a internet não é um espaço sem regras, indivíduos que propagam ódio online podem ser responsabilizados judicialmente e condenados a pagar indenizações consideráveis, podendo chegar a até R$ 37 mil reais.

Quanto à divulgação de notícias falsas, as famosas fake news, os responsáveis estão sujeitos a deliberações que variam de detenção de seis meses a dois anos, além de multas, caso o ato não constitua um crime mais grave. Portanto, é crucial verificar a fonte, os dados e pesquisar profundamente sobre um tema antes de compartilhar informações online.

“Nós seguiremos de pé, porque a gente não chegou aqui agora. As nossas ancestrais abriram caminhos, destruíram correntes para que a gente ocupasse esse espaço. E daqui a gente não sai mais. Vocês fascistas vão ter que nos engolir, vão ter que nos suportar, porque esse lugar é nosso e a gente está fazendo reintegração de posse pelas nossas que vieram antes e que não conseguiram ocupar”, reforçou Laina.

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