Salvador recebe Observatório Feminista do Nordeste para debate sobre Violência Política de Gênero e Raça

O evento acontece no dia 10 de Outubro, a partir das 19 horas no MAM, com inscrições gratuitas, já disponíveis através de formulário Online

Com o tema “Mulheres Negras Nordestinas: enfrentando a violência política de gênero e raça” o Observatório Feminista do Nordeste (OBN) realizará sua primeira atividade em Salvador, na próxima terça-feira, 10 de outubro, às 19h, no Museu de Arte Moderna da Bahia. Para participar do debate foram convidadas a co-vereadora da Mandata Coletiva Pretas Por Salvador, Laina Crisóstomo, a deputada Olívia Santana (PCdoB), Lucinha do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), a advogada Maíra Vida e da ativista dos direitos humanos Keit Lima. O evento é gratuito e conta com inscrições através de formulário online.

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O Observatório Feminista do Nordeste, uma organização política profissional composta por mulheres negras periféricas e feministas antirracistas, que tem desenvolvido ações continuadas pelo fortalecimento das mulheres na política. O objetivo principal deste debate é ampliar a discussão na opinião pública sobre as dinâmicas da violência política de gênero e raça e as estratégias de enfrentamento que as mulheres negras nordestinas desenvolvem em vários âmbitos do universo político.

Marília Gomes, co-fundadora do OBN, destacou a importância contínua desses debates: “Entendemos que essas discussões são extremamente permitidas, pois, apesar de estarmos em um governo progressista na presidência, ainda enfrentamos, especialmente no legislativo, diversas formas de violência política contra as mulheres, além de ameaças à presença delas em espaços de poder e decisão.”

Embora a Lei 14.192, aprovada em 2021, tenha conceituado a violência política contra as mulheres e normas previstas para preveni-la, reprimi-la e combatê-la, ainda existem obstáculos na identificação e denúncia desses casos. Isso pode ocorrer devido à sutileza de algumas formas de violência ou à desconfiança no sistema de justiça. Outro desafio é a ausência de uma plataforma unificada para acolher denúncias e encaminhá-las aos órgãos competentes, bem como garantir o acompanhamento das vítimas para proteger sua integridade física e psicológica.

Um exemplo de extremo de violência política é o feminicídio político, que infelizmente tem se tornado mais comum. O Brasil, conforme relatório da Anistia Internacional de março de 2023, está classificado em quarto lugar entre 156 países que mais assassinam defensores dos direitos humanos e do meio ambiente.

Vítima da violência política de gênero desde o início da mandata, a co-vereadora das Pretas Por Salvador, Laina Crisóstomo irá compartilhar sua experiência na Câmara Municipal de Salvador (CMS), onde frequentemente ocorrem situações em que os homens não prestam atenção às suas falas e até distorcem seus argumentos. Um exemplo notável ocorreu em 09 de agosto, quando Laina Crisóstomo precisou abordar os conceitos de ‘mansplaining’ e ‘manterrupting’.

“Citou como se eu estivesse falando erroneamente e aí é importante dizer que no Agosto Lilás a gente faz um debate muito sério sobre violência contra a mulher e existe uma violência de gênero que se chama mansplaining, que é homem que explica, homem palestrinha, homem que tenta deturpar inclusive a fala de mulheres, tentando dar significado diferente a fala que as mulheres fazem. Então não, eu não ralei o que o senhor disse que eu falei”, disse Laina em resposta violência sofrida na Câmara.

Participe do evento se inscrevendo no link a seguir: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeN9xiuOaychOc5amQB-dmngcNeDpb6g0zz8nyjtpODSm3Czg/viewform.