Cerimônia também reforçou a importância da continuidade da luta por uma #MinistraNegranoSTF

Nesta segunda-feira, dia 27, o Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador se transformou em um palco de celebração e honra, marcando a entrega da Medalha Zumbi dos Palmares à renomada promotora do Ministério Público da Bahia (MP- BA), Lívia Vaz. Potente e histórico, o auditório do evento, esteve lotado com figuras importantes da política baiana.

Promovido pelo Projeto de Resolução da mandata coletiva Pretas por Salvador (PSOL/BA), o evento foi uma oportunidade de homenagear a dedicação incansável de Lívia em combate ao racismo estrutural e a intolerância religiosa. Vaz, é coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS) do MP-BA, autora dos livros “A Justiça é uma mulher negra” e “Cotas Raciais”, destacou em um discurso emocionante sobre a dor da população negra, que sofre com a violência de uma sociedade racista.

“Se a minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome ao ver nossas crianças enfrentando o racismo até na primeira infância, ao saber que mulheres negras sofrem com mais intensidade todos os tipos de violência ao testemunhar o encarceramento em massa e o genocídio dos nossos jovens. Se a minha voz aí ecoa versos perplexos com rima de sangue e fome, a voz das minhas filhas de todas as minhas filhas recolhem todas as nossas vozes, recolhe em si as vozes mudas e caladas, engasgadas na garganta. As vozes de minhas filhas recolhem em si a fala e o ato. O ontem, o hoje e o agora. Nas vozes de minhas filhas se farão ouvir a ressonância, o eco da vida, liberdade”, disse ela.

Reconhecida pela Educafro entre os 10 juristas negros para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), ela foi nomeada uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo na edição Lei & Justiça, sendo uma defensora incansável das questões de raça, gênero e justiça social no judiciário.

“Todas as vezes que a gente ocupa com a nossa ancestralidade, com axé, com alegria, quando a gente ocupa com as pessoas que todos os dias fazem luta por uma cidade que é negra, mas por uma cidade antirracista, a gente é tratada como louca, raivosa, histérica, problemática. Eu sou a mulher que briga com todo mundo, né? Então, todo dia eu brigo com todo mundo. Mas eu acho que tem algo que é muito potente, a gente aprende a guerrear desde muito nova. Todos os dias a gente aprende a guerrear, e a nós não é dada a possibilidade de escolher guerrear ou não. Não existe possibilidade de ‘ah hoje não vou brigar com ninguém, hoje eu não vou guerrear contra o racismo’, não, não tem como, a gente sai na rua, a gente é corpo alvo, seja desembargadora, seja ouvidora, seja procuradora, seja promotora, seja secretária de estado, seja tenente coronela, o racismo é contra os nossos corpos muito antes do que a gente saia de casa. Então esse espaço ocupado com gente preta que tá fazendo luta, é motivo de muito orgulho”, destacou a co-vereadora Laina Crisóstomo.

A cerimônia contou com a presença da Procuradora-Geral de Justiça, Norma Cavalcanti; da Secretária Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Angela Guimarães; da Ouvidora Geral do Estado da Bahia, Arany Santana; do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Lidivaldo Reaiche; da procuradora do Ministério Público do Estado da Bahia, Dra. Márcia Virgens; da desembargadora federal aposentada, Dra. Neuza Alves; do comandante do Batalhão de Proteção à Mulher, Tenente Coronel Roseli Santana; da Professora Doutora, Ana Célia da Silva; da Iyalorixá do Terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, Mãe Jaciara; da pedagoga e Iyalorixá do Terreiro Oyá Matamba, Thyffani Odara; do Padre Alfredo Dórea; do ator Jorge Washington; da cantora Juliana Ribeiro;do secretário Felipe Freitas; da secretária Fabya Reis, da vereadora Marta Rodrigues; do Deputado Estadual Robinson; da presidenta do PSOL Salvador, Larissa Barros; da presidenta do PSOL de Ilhéus, Bernadete Souza e da vice presidenta do PCdoB-Ba, Dani Costa.

O encontro também destacou a importância da continuidade da luta por um #MinistraNegranoSTF. Tornando a noite ainda mais marcante, apresentações culturais encheram o espaço de talento e representatividade através das apresentações de Júlia Aponto, Camila Ceuta e Fera e Lazzo Matumbi.

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