Na terça-feira (08/09), mais uma vida negra é interrompida no Brasil. Era a designer de interiores, Khatlen Romeu, de apenas 24 anos, que foi atingido por uma bala perdida durante uma operação policial no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Mas ela não estava sozinha: Khatlen carregava em seu ventre, um bebê, com 14 semanas. A jovem chegou a ser socorrida, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), não resistiu aos ferimentos, logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
A jovem tinha ido visitar a avó materna, Sayonara Fátima, na comunidade, ela tinha se mudado havia cerca de um mês do local por medo da violência. Ela caminhava na rua com a avó quando foi baleada. Segundo o Portal G1, a avó disse que teve que insistir para que os policiais ajudassem a socorrer a jovem.
A PM negou que a corporação estivesse em uma operação no local. Ainda de acordo com o G1, em nota, a corporação informou que os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início a um confronto. O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse que a facção responsável pelo tiroteio no Lins é a mesma que atua na Providência, no Jacarezinho e no Prazeres “e que tem, por natureza, por ideologia, o ataque gratuito às forças policiais, o uso dos moradores como escudo humano”. Importante salientar que desde o início da pandemia o STF proibiu operações nas favelas do Rio de Janeiro, mas essa não é primeira, no último mês vimos a atrocidade da Chacina do Jacarezinhi com 29 pessoas assassinadas. A PM disse que abriu um procedimento apuratório independente do inquérito que corre na Delegacia de Homicídios da Capital para apurar as circunstâncias da morte da designer de interiores. A investigação será conduzida pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora, já que cinco policiais da UPP Lins participaram da ação.
A Mandata Coletiva Pretas Por Salvador repudia essa operação e se solidariza com familiares de Khatlen. da “Khatlen é mais uma de nós. É mais um corpo negro que tombou. Marielle perguntou e eu também vou perguntar: ‘quantos mais tem q morrer para essa guerra acabar? Nossa juventude tem sido assassinada pelas mãos desse estado genocida. Estamos morrendo de fome, de covid e pela arma do Estado, queremos nossos direitos garantidos, queremos respeito, queremos JUSTIÇA e respostas por Khatlen e por todes nós que seguimos sendo violentades por esse estado”, pontou a co-vereadora da Mandata, Laina Crisóstomo.
Um outro ponto revoltante dessa história é a postura da Farm, loja na qual Khatlen era funcionária. Em um comportamento capitalista, oportunista e totalmente insensível, a marca tentou se promover, vendendo cupom na internet, com o nome da vítima, alegando que as arrecadações seriam para ajudar aos familiares. _“Nossos corpos tombam e as marcas, muitas já denunciadas por condição análoga a escravidão, se aproveitam. Respeitem nossos corpos, nossas histórias, nosso luto, nossa luta”_, exata Laina.
favelas do Rio de janeiro. Em Salvador, somente nessa semana, outras duas mulheres foram mortas também por policiais, no bairro do Curuzu. Viviane Soares, 40 anos, e Maria Célia Santana, 73, conversavam na porta de casa, no início da noite de sexta-feira (4), quando foram atingidas por disparos de arma de fogo.
Parem de nos matar!